Teoria dos Traços Catalisadores III
Será possível prever
movimentos na escrita?
Observando apenas um
traço?
Durante anos especialistas tentaram explicar como é possível um
tenista rebater um saque de 200 km/h.
Estudos mostram que não é a reação, mas a
capacidade de ler a linguagem corporal do oponente. (Revista Veja. Ed. 2389 - 03
de Setembro de 2014)
Pulver dizia que o grafólogo é um tradutor de movimentos. Se isto
é verdade e tenho certeza que é; certamente o grafólogo por meio de técnicas
pode observar determinados traços e concluir o(s) próximo(s) movimento(s). Mais
do que isto, tirar inúmeras conclusões antes mesmo de começar a análise
propriamente dita.
Isto facilitará o trabalho e as conclusões do perfil serão mais
profundas. Nos próximos artigos vamos desenvolver a teoria do “bootstrap” na
grafologia.
No caso dos atletas de ponta a capacidade para prever o movimento
chega ao ápice em torno de dez mil horas de treino, mas é válido somente para o
esporte que pratica. Fora disto, o reflexo do atleta é o de qualquer pessoa
normal.
O artigo ainda cita que os atletas superam o limite físico porque
a prática intensiva do esporte transfere a decisão de reagir o lobo frontal do
cérebro, onde são processadas as ações conscientes, para áreas que controlam as
ações automáticas do corpo, como respirar.
Tenho absoluta certeza que o grafólogo treinado pode fazer o
mesmo. Pelo tempo de treino e também pela pesquisa de sinais na escrita que
demonstrem de forma cabal que a simples e direta observação de um traço leva o
aparecimento de outro, assim como estudo do movimento em si.
Existem traços específicos de determinados movimentos, mais do que
isto, a forma com que é executada uma letra é específica de um movimento.
Depois de estudado alguns exemplos, certamente o grafólogo vai
“prever” com precisão quando este se repetir na escrita ou o próximo traço que vai aparecer.
Depois, por meio de
treinamentos e tempo, com certeza irá concluir o movimento e suas inferências
psicológicas.
Creio que este tipo de procedimento leva a análise grafológica a
um novo patamar de compreensão.
Evidente que somente o treinamento intensivo e o estudo constante
de centenas e milhares de escritas são os requisitos primordiais para chegar a
conclusões mais profundas e precisas.
Todos os dias
interpretamos dezenas de movimentos. Será verdade?
Por incrível que pareça isto é a mais pura verdade e normalmente
não nos damos conta. Um exemplo clássico de interpretar movimentos de maneira
intensa ocorre quando caminhamos na rua.
Segundo Desmond Morris:
“Toda vez que caminhamos
por uma rua apinhada de gente, reagimos aos movimentos de intenção dos demais
caminhantes à nossa volta.”
Deste modo evitamos as mais diversas colisões. Experiente ao ver
duas pessoas que conversam e estão vindo em sua direção na calçada. Apenas olhe e
caminhe para o meio das duas. Você vai observar que automaticamente elas abrem
passagem no meio.
Alguns movimentos de intenção são extremamente sutis, todavia
temos a capacidade de interpretá-los até mesmo sem o devido aprendizado.
Morris ainda cita que existe uma área de ação humana que leva a
forma de movimento rítmico ao extremo: a
dança. A dança é uma locomoção que não
nos leva a parte alguma. O ritmo dos movimentos alternados tornou-se um fim em
si mesmo.
Não é objetivo deste artigo, mas creio que todos os grafólogos
deveriam estudar os mais diversos tipos de dança. O movimento e o espaço
utilizados, bem como a simbologia são por extremamente interessantes e levará o grafólogo
a comparações e inferências importantes para o conhecimento da
grafologia em si.
Escrita empilhada
Chamo de escrita empilhada àquela em que as palavras ficam uma em
cima das outras por mais de quatro linhas.
Após pesquisar algumas centenas deste tipo de escrita, observei
que dividindo o texto verticalmente em três partes, o empilhamento ocorre
essencialmente nas duas primeiras partes (lado esquerdo e meio). Não encontrei
escritas em que o empilhamento ocorra na margem direita. Não quer dizer que não
exista, apenas não encontrei.
A interpretação é até certo ponto fácil, já que após o
empilhamento normalmente temo uma chaminé. Fica evidente o estado de ansiedade.
Contudo a interpretação certamente vai além disto.
Pulver escreve:
... se a distância
expressa a tendência voluntária ou involuntária de separar, que se apoia na
posição que geralmente valoriza e na atitude de juízo, a distância entre as
linhas indica em especial a exigência de
ordem por parte do espírito.
Mais adiante escreve:
A pausa como repouso
criador, pode se transformar em uma distância que parece um buraco. Não é o
efeito do intelecto que limita, senão a inibição psíquica que empurra ao
isolamento.
Isto se encaixa de maneira perfeita ao espaço deixado à frente das
palavras após o empilhamento. Se após o primeiro empilhado de palavra seguir
outro, a situação se complica mais para o escritor em termos de interpretação.
Os empilhamentos mais visíveis são os das primeiras linhas no
texto e na margem esquerda.
Isto é importante para a predição do movimento, até mesmo do
resultado do movimento grafoescritural em si.
Em 95% das cento e treze escritas pesquisadas, a margem direita é
irregular.
Levando em consideração outros fatores: nenhuma das escritas
apresentou movimento dinâmico, controlado. Os movimentos eram inibidos,
contidos, com variações.
A direção das linhas tende a ser mista na maioria das escritas,
com certo padrão para descendente.
Interpretação
A interpretação é até certo ponto facilitada por todos estes
fatores acima citados.
Quando ocorre na margem esquerda e em especial nas primeiras
linhas:
Lembre-se que nas primeiras linhas o movimento grafoescritural
tende a ser consciente. Depois os movimentos inconscientes aparecem. “O consciente
escreve o inconsciente dita.” Pulver.
O escritor vive um momento de intensos conflitos, tem noção dos
mesmos e da sua intensidade. Sabe que sua vida emocional está tensa e até mesmo
desorganizada. Como tem consciência disto, precisa encontrar um meio de se
controlar, de dominar as emoções. A tentativa é feita organizando as primeiras
palavras (simbolicamente pondo ondem na prateleira).
Todavia isto é artificial. Não tem capacidade e nem habilidade emocional
para tal. Logo após a escrita volta a se “desorganizar” e final a margem
direita é irregular. Incerteza, preocupação, medo do futuro.
Embora tenha consciência do conflito que vive, tenta, mas não tem
capacidade psicológica para resolvê-los de maneira correta.
Escrita empilhada dentro
do texto
Inicialmente o escritor não tem consciência do conflito pelo qual
passa. De modo inconsciente tenta encontrar uma maneira de se ajustar ao meio
em que vive. Como no primeiro caso, gasta energia de modo intenso, mas não
consegue o equilíbrio que tenta deseja.
As tensões e ansiedades se ampliam de maneira intensa. O ritmo não
flui e a cada tentativa falha, o conflito se amplia. Quer resolver a situação por
qual passa, mas não consegue. As ansiedades e tensões se ampliam.
Escrita do livro Personalidade de Risco. Observe o impressionante empilhamento que ocorre ao longo de toda a margem esquerda do texto. A margem direita é irregular, com colas de zorro. A direção das linhas é variável. Imbricada descendente.
Trata-se de uma
assassina na prisão. Colas de zorro. Engrossada II modo, chaminés.
Retoques.
Caso você tenha alguma escrita empilhada, envie como colaboração e autorize ela ser publicada, com seu nome e e-mail. Os autores das escritas não serão identificados.
Paulo Sergio
de Camargo
Grafologia - Linguagem Corporal
http://twitter.com/GrafonautaGrafologia - Linguagem Corporal
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