sexta-feira, outubro 10, 2008

Pessoal
Vejam o Artigo do biólogo Fernando Reinach. Publicado no Jornal "O Estado de São Paulo" no dia 16 de Agosto de 2007.
http://www.reinach.com/Estado/index-estado.htm

É fácil fazer algumas inferências com o gesto gráfico e a imagem antecipadora descrita por Klages em seus livros.
Tenho ciência da pouca familiaridade de alguns grafólogos com este conceito de Klages; voltarei a escrever sobre isto mais adiante.

Também podemos fazer inferências porque a grafologia não é um teste com base no experimento descrito. Inferências; porque necessitaríamos de pesquisas diretas com a escrita para provar realmente isto.



A possibilidade de prever decisões e o livre arbítrio

Faz milhares de anos que a humanidade se preocupa em saber se possuímos livre arbítrio. Será que quando decidimos conscientemente praticar um ato esta decisão se origina unicamente em nossa consciência e portanto é impossível de prever ou será que as leis da natureza e os fatos que ocorreram no passado determinam cada um de nossos atos e a impressão de liberdade é somente uma ilusão? Faz alguns anos um neurologista chamado Benjamin Libet realizou um experimento que coloca mais lenha na fogueira do debate sobre o livre arbítrio.

Libet pediu para voluntários se sentarem e colocarem a mão sobre uma mesa. Depois pediu a eles que em algum momento, que eles poderiam decidir quando, movessem a mão. Nenhum sinal externo sinalizava quando a mão deveria ser movida. A decisão de mover a mão deveria ser totalmente voluntária. Além disso em frente destes voluntários Libet colocou um relógio em que o ponteiro de segundos ficava girando constantemente e que o voluntário ficava observando. No momento que o voluntário decidia mover a mão ele deveria observar onde estava o ponteiro do relógio e depois deveria comunicar esta posição aos pesquisadores. Além disso Libet instalou sensores na mão dos voluntários que permitiam saber exatamente quando a mão se mexia e eletrodos na cabeça que permitiam medir a atividade cerebral. Feito tudo isso as pessoas ficavam ali e mexiam a mão quando quisessem.

O que Libet observou foi que era possível detectar atividade cerebral quase um segundo antes da mão se mexer. Isto era esperado, pois o comando vindo do cérebro demora um tempo para chegar aos músculos da mão. O inesperado foi a observação que o momentos em que a pessoa conscientemente decidia mexer a mão (determinada pela posição do ponteiro do relógio que ela comunicava ao pesquisador) ocorria sempre 0,3 segundos antes da mão mexer, mas 0,7 segundos depois da atividade cerebral. Em todos os voluntários a seqüência de eventos era a seguinte: primeiro se detecta a atividade cerebral, 0,7 segundos depois a pessoa decide mover a mão e 0,3 segundos depois do ato consciente de mover a mão ela se move. O fato da atividade cerebral ocorrer antes da decisão “aparecer” na consciência indica que a primeira parte da decisão de mover a mão ocorre de maneira inconsciente (durante os primeiros 0,7 segundos) e somente depois a consciência toma “conhecimento” de que vai mover a mão.

Durante os últimos 8 anos uma série enorme de experimentos foram feitos para verificar possíveis fontes de erro neste experimento mas nenhum erro foi detectado. Tudo indica que realmente cada uma de nossas decisões se inicia de forma inconsciente. Mas se isto é verdade, então existe um intervalo de 0,7 segundos no qual um observador que esteja monitorando nossa atividade cerebral já sabe o que vamos decidir antes de nossa consciência ter acesso a esta decisão. Em outra palavras, medindo a atividade cerebral um observador pode saber o que uma pessoa vai decidir antes desta pessoa ter conscientemente decidido.

Este resultado claramente não exclui a possibilidade do livre arbítrio existir, mas sua interpretação tem provocado muita discussão entre os filósofos e cientistas que tentam compreender como se forma a consciência e se realmente existe o livre arbítrio. Por outro lado este experimento demonstra claramente que a consciência é o resultado da atividade cerebral, tornando improvável a hipótese, ainda defendida por muitos, que cérebro e mente são entes distintos.

Mais informações em: B. Libet, Do We Have Free Will? J. Consc. Studies vol. 6 pag. 47 1999

Fernando Reinach (fernando@reinach.com)