terça-feira, novembro 25, 2014

Teoria dos Traços Catalisadores IV - ponte




Teoria dos Traços Catalisadores IV
A ponte.

Pessoal, felizmente ou infelizmente não resisti. Não é de bom alvitre, mas pulei a terceira parte desta séria de artigos para descrever um dos gestos catalizadores.
Como escrevi em artigo anterior: “nada de novo sob o sol”.

Um dos mais importantes traços catalizadores é aquele que chamo de ponte, ou traço em forma de ponte. Simplificando, traço em ponte.
O traço em ponte se caracteriza pela raridade, ou seja; são poucas pessoas que realizam este tipo de traço.




Para executar um traço em ponte são necessários os dois conceitos de Klages:
-  Dom Gráfico
- Habilidade Gráfica

Vejamos algumas observações:
  1. Nas pesquisas realizadas não encontrei nenhum traço em ponte em pessoas com primeiro grau completo ou incompleto. São 159 escritas.
  2. O mesmo ocorreu em pessoas com segundo grau completo. 267 escritas.
  3. Nas 85 candidatas para o cargo de gerente de banco, nível superior e administradores. Nenhuma ocorrência.
  4. Psicólogas: 113 – nenhuma ocorrência.
  5. Enfermeiros (nível superior): 46 – nenhuma ocorrência.
  6. Auxiliar de enfermagem: 94 – nenhuma ocorrência.
  7. Nenhuma amostra em pessoas com menos de 25 anos – 250 escritas aleatórias.

As amostras foram todas coletadas em processos de recrutamento e seleção entre os anos de 2003 e 2013. Isto não indica que não possam ocorrer nestes grupos.

Encontrei 24 exemplos de traços em ponte de escritas em processos seletivos entre os anos de 2003 e 2013. O universo de escritas pesquisadas foi de 3.000. Todavia se trata de um número aproximado (para menos), pois nos primeiros momentos não me preocupei em contar a quantidade de escritas que pesquisava.
Impressiona o a percentagem, menos de 1%. No caso dos traços em ponte diretos, a quantidade se reduziu a nove exemplos.
O próximo passo será reproduzir está pesquisa com outros grupos específicos e com mais controle. Ressalto que a mesma não seguiu os padrões específicos e científicos desejados. Na realidade foi uma procura de amostragem em escrita com mais de 20 linhas, papel sem pauta e assinado. O objetivo das escritas era o recrutamento e seleção de pessoal.

Observações:
  1. Todas as amostras eram de pessoas de nível superior.
  2. Somente uma com 29 anos, as demais acima de 30 anos.
  3. Todas com vasta experiência nas áreas que atuavam.
  4. 08 médicos, 05 advogados, 04 engenheiros, 02 economistas, 03 arquitetos, 01 engenheiro de computação, 01 administrador (não incluso nos candidatos a gerente).
  5. Mulheres 13. Homens 11.
  6. Todas as pessoas tinham atividades dinâmicas e na maioria com alto nível de estresse.

Traços em ponte
O traço em ponte se insere nas escritas combinadas. Com isto a interpretação é por demais facilidade inicialmente.
Dividi os traços em ponte de duas formas: diretos e indiretos.

Traço em ponte direto
São os mais difíceis de ocorrerem. Terminada uma letra na palavra, a escrita faz uma ponte para a próxima letra (que então é traçada), depois o escritor volta e traça a letra que faltava – desta forma completa o sentido da palavra..
Devemos observar que esta letra é inserida “em cima da ponte”.  Não encontrei caso em que a escrita é feita embaixo, a pessoa teria que escrever a letra do meio antes e depois as duas (anterior e posterior).

Interpretação
A complexidade do gesto gráfico é maior no primeiro caso. O traço demonstra capacidade de realizar duas ou mais atividades ao mesmo tempo de forma concatenada. Não necessita do concreto para agir. Visão espacial desenvolvida. Habilidade para unir pontos de vistas diferentes de forma coordenada. O escritor se projeta para o futuro antes de concluir as ações e faz o fechamento das mesmas de acordo com as possibilidades que observa. Agilidade mental, praticidade, capaz de prever as consequências das ações que esta empreendendo e agir de maneira positiva para que solucionar os possíveis problemas antes que os mesmos ocorram. Inteligência acima da média. Compreende e se antecipa aos possíveis problemas que possam surgir ao longo das tarefas. Capaz de encontrar ligações em fatos ou acontecimentos que aparentemente não tem qualquer tipo de conexão entre si. Consequente em suas atividades. Agilidade mental, quanto mais a curva, maior a plasticidade para se alongar em busca da conexão futura. Perspicácia. Observa com rapidamente as proposta dos demais, elabora um plano mental das consequências oriundas das mesmas para tomar decisões. Disposição para unir pessoas e minimizar conflitos. Habilidade para concatenar ideias.
Mas também: pressa, ansiedade, estresse para revolver os problemas de acordo com seus pontos de vista. Agilidade mental que despreza as opiniões dos fatos. Passa pelos fatos e acontecimentos de forma rápida, acha que pode entendê-los a posteriori. Apego às próprias ideias e pensamento e maneira de agir. Agitação diante de pessoas com capacidade intelectual baixa e que não compreender suas intenções de forma rápida.

Detalhes:
01.
Um detalhe que não pode passar despercebido: a ponte é um traço normalmente em forma de arcada (mas também reto), portanto de acordo com as teorias de Pulver é interpretado como adaptação “construtiva”.
            - Com movimento dinâmico: Senso de limites, necessidade de produzir.
           -  Escrita firme em um texto compacto: ansiedade, contatos ativos, 
              necessidade de aderir.
            - Traço estreito, tenso e estruturado: Controle interno de pressões.

A qualidade deste tipo de ligação mostra a facilidade, dificuldade e a maneira de agir no enfrentamento da realidade que está sendo colocada a frente do escritor.
Contato reflexivo, formal, seletivo e calculado. Reserva em assuntos particulares. Necessidade de vigiar seu próprio comportamento. Distinção, aristocracia. Distância e reserva dos demais.
                         - Com formas originais: Criatividade e originalidade.
                         - Escrita pequena - humildade e apego as virtudes.

02.
Quando a ponte sai da zona média e faz a curva na zona superior é sinal que o escritor necessita de contatos intelectuais, reflexão, criação para atuar.

03.
Legibilidade. A maioria das escritas pesquisadas comporta certa ilegibilidade. É evidente que ao sair do modelo caligráfico de forma inovadora e rápida qualquer escrita a perder parte de sua legibilidade. Convém lembrar que traço em arcada comporta em sua interpretação um nível de defesa contra o mundo exterior, contra a ingerência dos demais em sua vida particular. Circunspeção e resistência a novos projetos e ideias.
Esta última frase parece comportar forte contradição às interpretações iniciais. Ao contrário, alguns escritores por terem conhecimentos profundos e específicos, muito além da maioria das pessoas nem sempre estão dispostos a escutar argumentos banais e sem a qualificação.  Disto resulta outra interpretação: conhecimento que vai além da capacidade dos demais, conhecimentos específicos e nem sempre compartilhados. Hermetismo acadêmico. Vivências acumuladas ao longo dos anos. (resulta a frequência quase nula em pessoas com menos de 30 anos.)

04.
A ponte também pode ser feita na zona média e de forma direta, mas sem combinar o traço.  Neste caso o escrito liga duas letras para depois voltar e realizar dentro delas a nova letra. Também é sinal de inteligência superior. O escritor resolve um problema adiante que muitas vezes antevê ser de urgência e depois volta para resolver outro que considera de prioridade menor. Na ponte anterior existe a “conexão” entre as três letras, neste caso apenas entre a primeira e a terceira.


Traço em ponte indireto
Neste caso a ordem das letras é traçada normalmente, todavia para traçar a “terceira” letra, o escritor volta ou inicia o traço (tocando ou ao lado) da primeira letra.
O escritor ao terminar uma tarefa, volta para a anterior (tarefa) e faz o fechamento com as informações que tem da primeira. As interpretações são as mesmas, mas a sutileza está na forma com que o traço é executado ao longo do tempo. Neste caso a segunda letra é traçada e em sequência a terceira que via completar a segunda. Para fazer a terceira letra, o escritor executa o traço a partir da terceira ou a caneta volta depois de executar a segunda e inicia um novo e longo traço.  A segunda letra é incompleta e “recebe” o traço “final” oriundo terceira letra.
A tarefa é iniciada e não completada (segunda letra) e depois que a terceira letra é executada é que se volta para a segunda.
Demonstra também alto nível de inteligência, as atividades são planejadas mentalmente e são concluídas sem que o escritor necessite de um tempo linear para atuar.
Nos dois tipos de traços, tanto o direto, como o indireto, o escrito sabe “fazer o seu tempo”, projeta-se para o futuro, executa, avalia mentalmente e conclui as atividades que acha mais importantes para depois retornar e realizar o fechamento.



Basicamente existem pequenas diferenças:
- Ponte direta. O trabalho do meio não começou, o escritor vai para o próximo (letra) e depois de executar o mesmo, volta para realizar a atividade anterior; muitas vezes se aproveita do impulso dado pela mesma.

- Ponte indireta. O trabalho (letra) do meio é iniciado, mas concluído somente após o traço da terceira letra retornar para completar a segunda.

Nos dois casos o escritor realiza avaliações de forma rápida e projeta suas atividades no futuro. Muitas pessoas não conseguem acompanhar este tipo de raciocínio.





Nos próximos artigos continuarei estes estudos baseados em neurociências. Alguns pontos serão focados:
- A doce ilusão da vontade.
- Será que decidimos após analisar todas as espécies grafológicas. Certamente não.
- Grafologia quântica. - Princípio da cingularidade na escrita.
- Emaranhamento quântico ou gráfico.


Para quem deseja se adiantar:
A estátua de Kouros
Fatiar fino



Final
Tendo em vista o tempo que passou e a forma como forma coletadas as escritas, iniciei há tempos outra coleção deste tipo de escrita. Alguns resultados podem mudar, todavia as interpretações provavelmente não

Nos próximos artigos continuarei estes estudos baseados em neurociências. Alguns pontos serão focados:
- A doce ilusão da vontade.
- Será que decidimos após analisar todas as espécies grafológicas. Certamente não.
- Grafologia quântica. - Princípio da singularidade na escrita.
- Emaranhamento quântico ou gráfico.


Paulo Sergio de Camargo
Grafologia – Linguagem Corporal 

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