sábado, janeiro 26, 2008

Estudo da Grafologia

Segunda Parte
O estudo da grafologia pode comportar várias técnicas; entretanto o grafólogo deve observar a escrita dentro do contexto global; mas, sobretudo dinâmico na maneira de interpretar a escrita.
É muito bom agregar conceitos de várias escolas no estudo de um perfil; mas o que ocorre é que muitas vezes se perde a linha de pensamento do autor e o método proposto passa a ser uma miscelânea de conceitos que tiram a agilidade e a precisão do método.

É praticamente impossível iniciar um estudo pelas teorias de Pulver; ingressar no método proposto por Klages, ao mesmo tempo em que se tentar estudar Jamin.

Embora se complementem em muitos pontos; a obra de Klages é baseada na gestalt; na ciência da expressão. Os estudos de Jamin têm como base a visão cartesiana.
Portanto, o método deve ser um só; apenas agregar os conceitos mais pertinentes de outras escolas.

Neste ponto é interessante notar que alguns dos melhores especialistas do Brasil nunca ouviram falar dos 10 tipos de movimentos citados pela grafóloga Rena Nezzos e menos ainda dos cinco tipos descritos por H. Gobineau (GOBINEAU, H. de / PERRON, R. - Génétique de l'écriture et étude de la personnalité: Essai de graphométrie. Neuchâtel, Delachaux et Niestlé, 1954).

Sem a análise do movimento da escrita não se chega à plena dinâmica da personalidade. Neste ponto nossos estudos concordam com os da escola francesa; em determinados grafismos é difícil avaliar a velocidade; mas em todos é possível reconhecer o movimento e suas mais diversas variações.

Tendo como referência o termo criado pelo psicólogo americano P. Ekman; o grafólogo sem o estudo do movimento pode cair no “equívoco de Otelo”; que no drama de Shakespeare interpreta o medo na face de Desdêmona como traição; assim a mata pela percepção equivocada. O grafólogo identifica um sinal, mas não pode avaliar de modo errôneo sua dinâmica; já que o mesmo movimento pode ter várias causas.

Melhor explicando:
Caso observemos através da janela uma pessoa correndo; a primeira avaliação e a mais óbvia é que “a pessoa está correndo”.
Latu sensu, muitos grafólogos fazem isto: observam a espécie; escrita inclinada e a avaliam. Trata-se de uma visão muito pobre em termos psicológicos; já que o mesmo movimento pode ter várias causas.
A pessoa pode estar correndo para pegar o ônibus, fugindo da chuva; de um cão raivoso; para encontrar alguém etc. O mesmo ocorre na grafologia; temos que entender esta dinâmica para que os processos de compreensão da personalidade do autor sejam os mais amplos possíveis.
A escrita inclinada pode ter a margem direita muito grande; por exemplo; neste caso a interpretação precisa ser ajustada ao espaço. O ponto de partida – margem esquerda – grande ou pequena – vai influir na avaliação. O movimento deve ser integrado a esta interpretação e assim a conclusão é muito mais dinâmica que a inicial.

Grafologia moderna engloba o estudo do Movimento, Espaço; Forma e Traço e suas integrações entre os mesmos.

Tipologia
Com o descrito; a precisão se amplia e é certo que outros métodos como a Tipologia, que ainda considero válido; perdem grande parte de sua eficácia caso comparada com esta visão muito mais dinâmica da personalidade.
Mas para entender esta afirmação é preciso estudar os quatro itens citados acima; sem este conhecimento é impossível. Impossível de se começar uma discussão séria sobre o método.

Na terceira parte vamos explicar como se estuda Movimento, Espaço; Forma e Traço.

Qual o potencial que o grafólogo tem ao integrar estes quatro elementos para traçar o Perfil Grafológico?

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Como estudar Grafologia no século XXI
Primeira parte

Introdução
O objetivo deste artigo não é o de analisar a evolução do estudo da grafologia ao longo do tempo; mas principalmente mostrar como a grafologia é estudada atualmente nos países mais adiantados e por alguns grafólogos de primeira linha em nosso país.
Existem no Brasil bons grafólogos e grafólogas que estão de acordo com as mais recentes evoluções do método grafológico em si; outros ainda se situam no início do século XX; quando os pequenos dicionários de sinais já eram condenados pelos mais renomados especialistas na época.

Crépieux-Jamin dizia que a cada trinta anos os grafólogos devem fazer uma revisão dos conceitos e da terminologia grafológica. Percebeu o grande mestre que a escrita como movimento cultural possui dinâmica própria; com isto tende a mudar e evoluir de acordo com as novas vivências e desafios da sociedade.

Além disto, existem outros fatores que influem na mudança da escrita; relatamos alguns:
- Evolução dos métodos de ensino na escrita.
- Novos tipos de papéis.
- Infinidades de novos materiais como canetas; lápis (forma; tamanho; peso).
- Evolução tecnológica, abandono da escrita pelo uso do computador.

A nova visão da sociedade e seus desafios, certamente são levados para o comportamento do indivíduo em todos os planos; sociais, morais, intelectuais, físicos etc.
Não raro existem escolas bilíngües e a criança aprende a escrever em dois idiomas e/ou de forma tipográfica.
A escrita se adapta e se transforma com os novos tempos. Como reflete a personalidade individual, certamente mostra estas modificações.
Dos anos 60 para os nossos dias a escrita sofreu o impacto da caneta esferográfica.
Como é sabido por todos quase toda a grafologia clássica foi baseada nas canetas tinteiro.

Klages em “Escrita e Caráter”, relata os vários tipos de penas utilizados em sua época. Jamin, assim como Michon mostram em seus livros exemplos de escritas com penas de ganso - alguns autores relatam a maneira transversal de como era feito o corte nas mesmas.

Estas mudanças são acusadas nos grafismos. Assim muitas espécies grafológicas evoluem e outras morrem; tornam-se “dinossauros no tempo” – tais quais os grafólogos que não se atualizam.

Um exemplo clássico é a escrita “à encoches”, fr - “con muescas”, esp. Descrita por Paul Carton no livro “Diagnostic e Conduite des Tempéraments”; pág. 92 – também relatada no livro “ABC de la Grafologia”; Ed. Ariel – pág. 419 da edição espanhola.
Trata-se de um freio nos gestos verticais da caneta tinteiro, a pressão aumenta e as pontas da pena se abrem, formando uma espécie de pequeno chifre.
Este tipo de escrita é impossível com a caneta esferográfica e mesmo assim dificílimo nas canetas tinteiros atuais; pois o corte central - muitas vezes feito a laser - não permite tal abertura; inclusive com forte pressão.

É óbvio que o iniciante na grafologia dificilmente vai encontrar exemplos de grafismos tais quais foram mostrados. Portanto, é necessário que o grafólogo se ajuste aos “novos“ tipos e exemplos de escritas – especialmente se for professor e ministrar aulas de grafologia.

Outro exemplo é a obra prima de Ania Teillard; “Alma e Escritura. Ed. Paraninfo, Madri”.
Os conceitos são brilhantes; contudo a maioria dos grafismos apresentados neste livro são “ultrapassados”, pois são das décadas de quarenta e cinqüenta.

Mais uma vez observo aqui que os conceitos não estão errados e nem os exemplos, somente que estes se perderam no espaço e no tempo e não são mais vistos por motivos descritos anteriormente.

Com foco em tais fatos; a Sociedade Francesa de Grafologia realizou estudo de revisão dos gêneros e espécies grafológicos.
Com mais de 40 grafólogos de primeira linha; a publicação foi feita na Revista “La Graphologie”, Julho de 2007.
Entre outros dados, deixaram de considerar a velocidade como gêneros. Acham – com certa razão – que o movimento é mais importante no escopo grafológico.

A todos estes processos de evolução; se aliam novos métodos de diagramação, novos tipos de letras em livros; programas de computadores, telas eletrônicas etc.
Em resumo: o método grafológico e o método de ensino evoluíram - e muito.

Novos e interessantes autores surgiram e acrescentaram precisão ao método grafológico.
Não cabe citar aqui, porém em todos os países estes grafólogos (as) estão presentes e muitos disponíveis para discussão on-line; via internet; fato que não era possível há cerca de 10 anos. Lembro-me da felicidade de trocar correspondências mensais (ou bi-mensais) com o Prof. Augusto Vels.

É certo que – assim como a escrita - os métodos de estudos e de ensino da grafologia mudaram. Contudo, muitos grafólogos ainda não se deram conta disto e outros que se deram, não dão o braço a torcer, pois não podem se dizer desatualizados – na realidade não estão desatualizados; estão ultrapassados.

Na próxima semana será postado a Segunda Parte deste artigo.
grafonauta@terra.com.br