terça-feira, abril 25, 2017

Grafologia Escrita Esgarçada. Um caso da baleia azul.

  •           Escrita Esgarçada. Um caso da baleia azul.



Adolescente suicida.
Chamo este tipo de escrita de “esgarçada”. Em meus estudos ainda não cheguei a conclusão se pode ser considerada uma espécie - seria incluída no gênero ordem.
Todavia a escrita esgarçada é muito fácil de ser identificada, os espaços entre as palavras sãos notórios, além do normal.
O escritor coloca cada palavra como se fosse independente da outra, elas não parecem ter conexão tempo-espaço entre si. Cada palavra é um pensamento “desconectado” fisicamente do próximo (pensamento).
Considerando que a folha papel em branco é um “mundo” no qual transitamos, fica fácil de compreender que quem escreve desta forma, tem dificuldades de transitar por este “mundo”.
As restrições nos contatos pessoais são as mais diversas possíveis. Os espaços psicológicos são mal ajustados, a visão do escritor é distorcida naquilo que considera seus direitos. Enfim, não consegue transitar e nem ver o mundo de forma multifacetada. Sua ótica é pautada pela ansiedade, tensão, medo, separação, distanciamento do outro, da realidade. Não consegue se ligar ao demais.
O relacionamento interpessoal é confuso, o relacionamento intrapessoal caótico.

Em termos da Imagem da Forma de Heiss:
No estudo da perspectiva espacial, Heiss explica o macro comportamento, descrevendo as relações das pessoas com o espaço da seguinte maneira: na irritação percorremos o espaço de um lugar para outro, saltamos de alegria, reconhecemos os signos débeis e redondos com os quais cada um se coloca com seu comportamento ajustado; inclinamo-nos, dobramos, caso tenhamos dor, cansaço ou preocupação. Nosso comportamento está sempre referido ao espaço; uma reprodução de nossas reações anímicas com o espaço.
No micro comportamento de Heiss, fala-se em adaptação espacial, que pode ser mais ou menos alcançada. A imagem espacial da escrita é válida também como reproduções anímicas do espaço. O espaço que rodeia as pessoas é um espaço de vivências; Heiss troca a palavra espaço por “meio ambiente”.
Ao observar a página como um todo, a grafóloga avalia o equilíbrio, as aparências e as perturbações no campo espacial. O equilíbrio ou desequilíbrio interno do escritor vai se refletir no ritmo de distribuição do espaço. (livro: Psicodinâmica do Espaço na Grafologia. Paulo Sergio de Camargo)



Escrita empilhada
Chamo de escrita empilhada àquela em que as palavras ficam uma em cima das outras durante mais de quatro linhas.
Após pesquisar algumas centenas deste tipo de escrita, observei que, dividindo o texto verticalmente em três partes, o empilhamento ocorre essencialmente nas duas primeiras partes (lado esquerdo e meio). Não encontrei escritas em que o empilhamento ocorra na margem direita. Não quer dizer que não exista, apenas não encontrei.
A interpretação é até certo ponto fácil, já que após o empilhamento normalmente temo uma chaminé. Fica evidente o estado de ansiedade.
Contudo a interpretação certamente vai além disto.

Pulver escreve:  
... se a distância expressa a tendência voluntária ou involuntária de separar, que se apoia na posição que geralmente valoriza e na atitude de juízo, a distância entre as linhas  indica em especial a exigência de ordem por parte do espírito.


Mais adiante escreve:
A pausa como repouso criador, pode se transformar em uma distância que parece um buraco. Não é o efeito do intelecto que limita, senão a inibição psíquica que empurra ao isolamento.

Isto se encaixa de maneira perfeita ao espaço deixado à frente das palavras após o empilhamento. Se após o primeiro empilhado de palavra seguir outro, a situação se complica mais para o escritor em termos de interpretação.

Os empilhamentos mais visíveis são os das primeiras linhas no texto e na margem esquerda. 
Isto é importante para a predição do movimento, até mesmo do resultado do movimento grafoescritural em si.
Em 95% das cento e treze escritas pesquisadas, a margem direita é irregular.

Levando em consideração outros fatores: nenhuma das escritas apresentou movimento dinâmico, controlado. Os movimentos eram inibidos, contidos e combinados.
A direção das linhas tende a ser mista na maioria das escritas, com certo padrão para descendente.


Interpretação
A interpretação é até certo ponto facilitada por todos estes fatores acima citados.
Quando ocorre na margem esquerda e em especial nas primeiras linhas:
Lembre-se que nas primeiras linhas o movimento grafoescritural tende a ser consciente. Depois os movimentos inconscientes aparecem. “O consciente escreve o inconsciente dita.” Pulver.

O escritor vive um momento de intensos conflitos, tem noção dos mesmos e da sua intensidade. Sabe que sua vida emocional está tensa e até mesmo desorganizada. Como tem consciência disto, precisa encontrar um meio de se controlar, de dominar as emoções. A tentativa é feita organizando as primeiras palavras (simbolicamente pondo ondem na prateleira).
Todavia isto é artificial. Não tem capacidade e nem habilidade emocional para tal. Logo após a escrita volta a se “desorganizar” e final a margem direita é irregular. Incerteza, preocupação, medo do futuro.
Embora tenha consciência do conflito que vive, tenta, mas não tem capacidade psicológica para resolvê-los de maneira correta.

Escrita empilhada dentro do texto
Inicialmente o escritor não tem consciência do conflito pelo qual passa. De modo inconsciente tenta encontrar uma maneira de se ajustar ao meio em que vive. Como no primeiro caso, gasta energia de modo intenso, mas não consegue o equilíbrio que tenta deseja.
As tensões e ansiedades se ampliam de maneira intensa. O ritmo não flui e a cada tentativa falha conflito se amplia. Quer resolver a situação por qual passa, mas não consegue.


Paulo Sergio de Camargo
Grafologia - Linguagem Corporal

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