- Escrita Esgarçada. Um caso da baleia azul.
Adolescente suicida.
Chamo este tipo de escrita de “esgarçada”. Em meus
estudos ainda não cheguei a conclusão se pode ser considerada uma espécie - seria
incluída no gênero ordem.
Todavia a escrita esgarçada é muito fácil de ser
identificada, os espaços entre as palavras sãos notórios, além do normal.
O escritor coloca cada palavra como se fosse
independente da outra, elas não parecem ter conexão tempo-espaço entre si. Cada
palavra é um pensamento “desconectado” fisicamente do próximo (pensamento).
Considerando que a folha papel em branco é um “mundo”
no qual transitamos, fica fácil de compreender que quem escreve desta forma,
tem dificuldades de transitar por este “mundo”.
As restrições nos contatos pessoais são as mais
diversas possíveis. Os espaços psicológicos são mal ajustados, a visão do
escritor é distorcida naquilo que considera seus direitos. Enfim, não consegue
transitar e nem ver o mundo de forma multifacetada. Sua ótica é pautada pela
ansiedade, tensão, medo, separação, distanciamento do outro, da realidade. Não
consegue se ligar ao demais.
O relacionamento interpessoal é confuso, o
relacionamento intrapessoal caótico.
Em termos da Imagem da Forma de Heiss:
No estudo da perspectiva espacial, Heiss explica o
macro comportamento, descrevendo as relações das pessoas com o espaço da
seguinte maneira: na irritação percorremos o espaço de um lugar para outro,
saltamos de alegria, reconhecemos os signos débeis e redondos com os quais cada
um se coloca com seu comportamento ajustado; inclinamo-nos, dobramos, caso
tenhamos dor, cansaço ou preocupação. Nosso comportamento está sempre referido
ao espaço; uma reprodução de nossas reações anímicas com o espaço.
No micro comportamento de Heiss, fala-se em adaptação
espacial, que pode ser mais ou menos alcançada. A imagem espacial da escrita é
válida também como reproduções anímicas do espaço. O espaço que rodeia as
pessoas é um espaço de vivências; Heiss troca a palavra espaço por “meio
ambiente”.
Ao observar a página como um todo, a grafóloga avalia
o equilíbrio, as aparências e as perturbações no campo espacial. O equilíbrio
ou desequilíbrio interno do escritor vai se refletir no ritmo de distribuição
do espaço. (livro: Psicodinâmica do Espaço na Grafologia. Paulo
Sergio de Camargo)
Escrita empilhada
Chamo de escrita empilhada àquela em que as palavras ficam uma em
cima das outras durante mais de quatro linhas.
Após pesquisar algumas centenas deste tipo de escrita, observei
que, dividindo o texto verticalmente em três partes, o empilhamento ocorre
essencialmente nas duas primeiras partes (lado esquerdo e meio). Não encontrei
escritas em que o empilhamento ocorra na margem direita. Não quer dizer que não
exista, apenas não encontrei.
A interpretação é até certo ponto fácil, já que após o
empilhamento normalmente temo uma chaminé. Fica evidente o estado de ansiedade.
Contudo a interpretação certamente vai além disto.
Pulver escreve:
... se a distância expressa
a tendência voluntária ou involuntária de separar, que se apoia na posição que
geralmente valoriza e na atitude de juízo, a distância entre as linhas indica em especial a exigência de ordem por
parte do espírito.
Mais adiante escreve:
A pausa como repouso
criador, pode se transformar em uma distância que parece um buraco. Não é o
efeito do intelecto que limita, senão a inibição psíquica que empurra ao
isolamento.
Isto se encaixa de maneira perfeita ao espaço deixado à frente das
palavras após o empilhamento. Se após o primeiro empilhado de palavra seguir
outro, a situação se complica mais para o escritor em termos de interpretação.
Os empilhamentos mais visíveis são os das primeiras linhas no
texto e na margem esquerda.
Isto é importante para a predição do movimento, até mesmo do
resultado do movimento grafoescritural em si.
Em 95% das cento e treze escritas pesquisadas, a margem direita
é irregular.
Levando em consideração outros fatores: nenhuma das escritas
apresentou movimento dinâmico, controlado. Os movimentos eram inibidos,
contidos e combinados.
A direção das linhas tende a ser mista na maioria das escritas,
com certo padrão para descendente.
Interpretação
A interpretação é até certo ponto facilitada por todos estes
fatores acima citados.
Quando ocorre na margem esquerda e em especial nas primeiras
linhas:
Lembre-se que nas primeiras linhas o movimento grafoescritural
tende a ser consciente. Depois os movimentos inconscientes aparecem. “O
consciente escreve o inconsciente dita.” Pulver.
O escritor vive um momento de intensos conflitos, tem noção dos
mesmos e da sua intensidade. Sabe que sua vida emocional está tensa e até mesmo
desorganizada. Como tem consciência disto, precisa encontrar um meio de se
controlar, de dominar as emoções. A tentativa é feita organizando as primeiras
palavras (simbolicamente pondo ondem na prateleira).
Todavia isto é artificial. Não tem capacidade e nem habilidade
emocional para tal. Logo após a escrita volta a se “desorganizar” e final a
margem direita é irregular. Incerteza, preocupação, medo do futuro.
Embora tenha consciência do conflito que vive, tenta, mas não tem
capacidade psicológica para resolvê-los de maneira correta.
Escrita empilhada dentro
do texto
Inicialmente o escritor não tem consciência do conflito pelo qual
passa. De modo inconsciente tenta encontrar uma maneira de se ajustar ao meio
em que vive. Como no primeiro caso, gasta energia de modo intenso, mas não
consegue o equilíbrio que tenta deseja.
As tensões e ansiedades se ampliam de maneira intensa. O ritmo não
flui e a cada tentativa falha conflito se amplia. Quer resolver a situação por
qual passa, mas não consegue.
Paulo Sergio de Camargo
Grafologia - Linguagem Corporal
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