Linguagem
corporal
O
silêncio
É
melhor manter a boca fechada e parecer estúpido do que abri-la e remover a
dúvida.
Mark
Twain
Muitas
vezes o mais importante não é o que o líder diz e sim aquilo que não diz. O
silêncio quando bem utilizando é uma arma extremamente eficaz.
Ao
fazer pequenas pausas na voz o líder tem tempo para refletir, quando são maiores
que o normal é preciso ter em mente qual a mensagem que deseja passar aos
demais.
Learning
Group Leadership: An Experiential Approach. Jeffrey A. Kottler,Matt
Englar-Carlson
Na
década de 70 surgiram os primeiro estudos de silêncio e suas s funções na
interação.
Diversos
autores (Bruneau (1973), Jensen (1973), Johannesen (1974), (Tannen &
Saville-Troike, 1985), (Jaworski, 1997), Jaworski (2005), assinalaram as mais
diversas funções do silêncio, como conversas, testemunho, entrevistas médicas,
questionamentos, educação etc.
Dennis
Kurzon, professor de linguística da Universidade de Haifa em Israel cita cinco funções do silêncio:
-
Vinculos. Pessoas que oram ou fazem um minuto de silêncio querem mostrar que
estão juntas. O povo israelense faz dois minutos de silêncio em todo o país
pelas vítimas do holocausto. Trânsito, escolas, comércio, tudo é paralisado em memória aos mortos na Segunda
Guerra Mundial.
-
Afetar os demais. Neste caso o silêncio pode indicar frieza, falta de
interesse, indiferença, antipatia etc.
-
Revelação. A pessoa não sabe o que dizer. Quando pega de surpresa diante de um
questionamento a acusado no júri não tem palavras para explicar.
-
Julgamento, crítica. Indica aprovação ou desaprovação de alguém, fato, coisa etc.
-
Ativação. A pessoa está se preparando para falar. Muitas vezes o corpo se
movimenta antes para avisar que irá tomar a palavra.
O
líder precisa interpretar de imediato a forma como o silêncio do grupo de
liderados ou de outras pessoas, todavia também necessitar treinar a maneira
como conduz o seu silêncio. Lembre-se que o timing do silêncio em qualquer
negociação é por demais importante. Isto é conseguido com muito treino e
vivências. Alguns líderes se silenciam
durante curtos períodos de tempo com auxílio de óculos, papéis e outros
instrumentos.
Mas
tome cuidado com o silêncio obsequioso demais, trata-se de um sinal de
submissão. Isto é observado quando a criança leva bronca dos pais, simplesmente
baixa a cabeça e não responde nada. Literalmente se encolhe, em termos de
liderança é um péssimo sinal. Apesar de usar o silêncio como arma, o líder tem
que ter a iniciativa da palavra, ou melhor das ações.
O
líder tem várias maneira de utilizar o silêncio a seu favor:
Para
saber mais dos outros a melhor estratégica é ouvir muito mais e falar menos.
Deixe o outro falar, incentive com gestos não verbais. Mostre-se interessado e
não interrompa. Faça gestos afirmativos rápidos com a cabeça, você está dizendo
que concorda com os outros. Sorria, isto mostra felicidade com que o outro diz.
O
líder sempre escuta os subordinados, mesmo nos assuntos mais triviais. Caso
queixa desabafar, ouça com atenção redobrada, você vai perceber que sempre que
necessitar o subordinado vai te procurar.
Em
suas palestras ou colocações ao fazer uma apresentação de negócios diga uma
frase de efeito intenso e logo após faça o silêncio estratégico. Certamente
muito irão lembrar este momento.
Não
fale com o “fígado”. No momento em que está com raiva opte pelo silêncio. A
possibilidade de dizer “besteiras” é muito grande. Siga o ditado árabe: “não
faça da sua língua a espada que vai cortar sua cabeça”.
Antes
de falar qualquer coisa, respire fundo várias vezes e mesmo depois que se
acalmar ainda pense duas vezes. O líder
a atualidade é reflexivo e tem controle daquilo que realiza.
O
silêncio pode torna-lo um sábio. Há alguns anos pesquisadores preparou um ator
e o levou para observar o debate entre doutores de certa universidade. Durante
toda a discussão, o ator, apresentado também como doutor, não disse uma palavra,
apenas anotava e fazia gestos com a cabeça. Depois solicitaram a avalição dos
participantes sobre o ilustre convidado. O resultado foi que quase todos o
consideraram detentor de grande saber. Apenas um avaliou que não poderia falar
nada, pois o “doutor” não disse nenhuma palavra.
Quando
as negociações ficam em um impasse ou não vão a lugar nenhum o silêncio se
torna um momento de reflexão. Isto vai facilitar a encontrar novas e
interessantes soluções.
O
escritor americano Mark Twain escreveu:
"A
palavra certa pode ser eficaz, mas nenhuma palavra é tão eficaz quanto uma
pausa cronometrada corretamente."
Para
finalizar a frase de Wittgenstein:
“O
que não podemos falar, devemos deixar em silêncio!”
Paulo Sergio
de Camargo
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