Especialista vê 'falta de emoção' em gestos do debate
FLÁVIA
MARREIRO
,
DE
SÃO PAULO
03/09/2014
02h00
Não só no duelo de promessas se decide um debate. Mesmo que eliminasse o
som da TV, o eleitor teria opiniões e sentimentos a respeito dos candidatos e,
provavelmente, usaria algo disso em sua decisão de voto.
Pelo menos é o que acreditam especialistas que estudam o impacto da
linguagem não verbal nas avaliações humanas –quer em julgamentos, quer em
testes para detectar interesse amoroso.
No caso de eleições, é comum que
candidatos treinem para suprimir gestos considerados negativos e potencializar
os que provocam empatia ou exibem força e poder.
Considerando esses critérios, quem foi melhor no debate presidencial de
ontem? A Folha convidou o especialista Paulo Sergio de Camargo,
autor de "Linguagem Corporal" (Summus, 2010), para comentar as
performances.
A avaliação geral de Camargo não é animadora: falta emoção aos
postulantes, que não escapam do rótulo de "candidatos de farmácia".
"Aqueles que pegam respostas prontas na prateleira. Ensaiam tanto que
falam sem emoção! O corpo revela", afirma Camargo.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/09/1510029-especialista-ve-falta-de-emocao-em-gestos-do-debate.shtml
Algo da emoção demonstrada por Levy Fidelix (PRTB) nas considerações
finais do embate de anteontem não viria mal, avalia o especialista.
Camargo crê que Dilma Rousseff (PT) evoluiu em seu desempenho corporal
em relação a 2010, mas ainda peca por não neutralizar sinais que transmitem
"arrogância".
Já Marina Silva (PSB) usa a seu favor a postura curvada, "que passa
humildade", e a voz infantil, "que não gera desconfiança", em
contraste com a ênfase de seu discurso. Seu ponto fraco é face tensa e sorriso
de menos, que não combinam com a mensagem de esperança no "novo".
Aécio Neves (PSDB) é, para Camargo, correto, mas monótono. Ganharia se
incorporasse algo do colega Eduardo Jorge (PV), o rei do gesto. O "gesto
de batuta", com uma das mãos erguida, usado em memes na internet, virou
sua marca. "Esse gesto tem um grande potencial dramático. [Barack] Obama
usa. O problema é quando Eduardo Jorge exagera e vira caricatura de si mesmo."
Paulo Sergio de Camargo
Grafologia - Linguagem Corporal
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