Estudo da Grafologia
Segunda Parte
O estudo da grafologia pode comportar várias técnicas; entretanto o grafólogo deve observar a escrita dentro do contexto global; mas, sobretudo dinâmico na maneira de interpretar a escrita.
É muito bom agregar conceitos de várias escolas no estudo de um perfil; mas o que ocorre é que muitas vezes se perde a linha de pensamento do autor e o método proposto passa a ser uma miscelânea de conceitos que tiram a agilidade e a precisão do método.
É praticamente impossível iniciar um estudo pelas teorias de Pulver; ingressar no método proposto por Klages, ao mesmo tempo em que se tentar estudar Jamin.
Embora se complementem em muitos pontos; a obra de Klages é baseada na gestalt; na ciência da expressão. Os estudos de Jamin têm como base a visão cartesiana.
Portanto, o método deve ser um só; apenas agregar os conceitos mais pertinentes de outras escolas.
Neste ponto é interessante notar que alguns dos melhores especialistas do Brasil nunca ouviram falar dos 10 tipos de movimentos citados pela grafóloga Rena Nezzos e menos ainda dos cinco tipos descritos por H. Gobineau (GOBINEAU, H. de / PERRON, R. - Génétique de l'écriture et étude de la personnalité: Essai de graphométrie. Neuchâtel, Delachaux et Niestlé, 1954).
Sem a análise do movimento da escrita não se chega à plena dinâmica da personalidade. Neste ponto nossos estudos concordam com os da escola francesa; em determinados grafismos é difícil avaliar a velocidade; mas em todos é possível reconhecer o movimento e suas mais diversas variações.
Tendo como referência o termo criado pelo psicólogo americano P. Ekman; o grafólogo sem o estudo do movimento pode cair no “equívoco de Otelo”; que no drama de Shakespeare interpreta o medo na face de Desdêmona como traição; assim a mata pela percepção equivocada. O grafólogo identifica um sinal, mas não pode avaliar de modo errôneo sua dinâmica; já que o mesmo movimento pode ter várias causas.
Melhor explicando:
Caso observemos através da janela uma pessoa correndo; a primeira avaliação e a mais óbvia é que “a pessoa está correndo”.
Latu sensu, muitos grafólogos fazem isto: observam a espécie; escrita inclinada e a avaliam. Trata-se de uma visão muito pobre em termos psicológicos; já que o mesmo movimento pode ter várias causas.
A pessoa pode estar correndo para pegar o ônibus, fugindo da chuva; de um cão raivoso; para encontrar alguém etc. O mesmo ocorre na grafologia; temos que entender esta dinâmica para que os processos de compreensão da personalidade do autor sejam os mais amplos possíveis.
A escrita inclinada pode ter a margem direita muito grande; por exemplo; neste caso a interpretação precisa ser ajustada ao espaço. O ponto de partida – margem esquerda – grande ou pequena – vai influir na avaliação. O movimento deve ser integrado a esta interpretação e assim a conclusão é muito mais dinâmica que a inicial.
Grafologia moderna engloba o estudo do Movimento, Espaço; Forma e Traço e suas integrações entre os mesmos.
Tipologia
Com o descrito; a precisão se amplia e é certo que outros métodos como a Tipologia, que ainda considero válido; perdem grande parte de sua eficácia caso comparada com esta visão muito mais dinâmica da personalidade.
Mas para entender esta afirmação é preciso estudar os quatro itens citados acima; sem este conhecimento é impossível. Impossível de se começar uma discussão séria sobre o método.
Na terceira parte vamos explicar como se estuda Movimento, Espaço; Forma e Traço.
Qual o potencial que o grafólogo tem ao integrar estes quatro elementos para traçar o Perfil Grafológico?
sábado, janeiro 26, 2008
Paulo Sergio de Camargo
Palestrante Internacional
Mestre. Especialista em Neurociências do Comportamento Humano.
Consultor de empresas
Membro de Honra da "Agrupación Grafoanalistas Consultivos en Espanã"(Barcelona)
SOBRAG, Sociedade Brasileira de Grafologia.
Membro de Honra da Sociedade Espanhola de Grafologia
Membro de Honra da Sociedade Mexicana de Grafologia.
Grafólogo com maior número de livros publicados a respeito de grafologia no continente.
Maior escritor livros de Linguagem Corporal do Brasil.
quarta-feira, janeiro 23, 2008
Como estudar Grafologia no século XXI
Primeira parte
Introdução
O objetivo deste artigo não é o de analisar a evolução do estudo da grafologia ao longo do tempo; mas principalmente mostrar como a grafologia é estudada atualmente nos países mais adiantados e por alguns grafólogos de primeira linha em nosso país.
Existem no Brasil bons grafólogos e grafólogas que estão de acordo com as mais recentes evoluções do método grafológico em si; outros ainda se situam no início do século XX; quando os pequenos dicionários de sinais já eram condenados pelos mais renomados especialistas na época.
Crépieux-Jamin dizia que a cada trinta anos os grafólogos devem fazer uma revisão dos conceitos e da terminologia grafológica. Percebeu o grande mestre que a escrita como movimento cultural possui dinâmica própria; com isto tende a mudar e evoluir de acordo com as novas vivências e desafios da sociedade.
Além disto, existem outros fatores que influem na mudança da escrita; relatamos alguns:
- Evolução dos métodos de ensino na escrita.
- Novos tipos de papéis.
- Infinidades de novos materiais como canetas; lápis (forma; tamanho; peso).
- Evolução tecnológica, abandono da escrita pelo uso do computador.
A nova visão da sociedade e seus desafios, certamente são levados para o comportamento do indivíduo em todos os planos; sociais, morais, intelectuais, físicos etc.
Não raro existem escolas bilíngües e a criança aprende a escrever em dois idiomas e/ou de forma tipográfica.
A escrita se adapta e se transforma com os novos tempos. Como reflete a personalidade individual, certamente mostra estas modificações.
Dos anos 60 para os nossos dias a escrita sofreu o impacto da caneta esferográfica.
Como é sabido por todos quase toda a grafologia clássica foi baseada nas canetas tinteiro.
Klages em “Escrita e Caráter”, relata os vários tipos de penas utilizados em sua época. Jamin, assim como Michon mostram em seus livros exemplos de escritas com penas de ganso - alguns autores relatam a maneira transversal de como era feito o corte nas mesmas.
Estas mudanças são acusadas nos grafismos. Assim muitas espécies grafológicas evoluem e outras morrem; tornam-se “dinossauros no tempo” – tais quais os grafólogos que não se atualizam.
Um exemplo clássico é a escrita “à encoches”, fr - “con muescas”, esp. Descrita por Paul Carton no livro “Diagnostic e Conduite des Tempéraments”; pág. 92 – também relatada no livro “ABC de la Grafologia”; Ed. Ariel – pág. 419 da edição espanhola.
Trata-se de um freio nos gestos verticais da caneta tinteiro, a pressão aumenta e as pontas da pena se abrem, formando uma espécie de pequeno chifre.
Este tipo de escrita é impossível com a caneta esferográfica e mesmo assim dificílimo nas canetas tinteiros atuais; pois o corte central - muitas vezes feito a laser - não permite tal abertura; inclusive com forte pressão.
É óbvio que o iniciante na grafologia dificilmente vai encontrar exemplos de grafismos tais quais foram mostrados. Portanto, é necessário que o grafólogo se ajuste aos “novos“ tipos e exemplos de escritas – especialmente se for professor e ministrar aulas de grafologia.
Outro exemplo é a obra prima de Ania Teillard; “Alma e Escritura. Ed. Paraninfo, Madri”.
Os conceitos são brilhantes; contudo a maioria dos grafismos apresentados neste livro são “ultrapassados”, pois são das décadas de quarenta e cinqüenta.
Mais uma vez observo aqui que os conceitos não estão errados e nem os exemplos, somente que estes se perderam no espaço e no tempo e não são mais vistos por motivos descritos anteriormente.
Com foco em tais fatos; a Sociedade Francesa de Grafologia realizou estudo de revisão dos gêneros e espécies grafológicos.
Com mais de 40 grafólogos de primeira linha; a publicação foi feita na Revista “La Graphologie”, Julho de 2007.
Entre outros dados, deixaram de considerar a velocidade como gêneros. Acham – com certa razão – que o movimento é mais importante no escopo grafológico.
A todos estes processos de evolução; se aliam novos métodos de diagramação, novos tipos de letras em livros; programas de computadores, telas eletrônicas etc.
Em resumo: o método grafológico e o método de ensino evoluíram - e muito.
Novos e interessantes autores surgiram e acrescentaram precisão ao método grafológico.
Não cabe citar aqui, porém em todos os países estes grafólogos (as) estão presentes e muitos disponíveis para discussão on-line; via internet; fato que não era possível há cerca de 10 anos. Lembro-me da felicidade de trocar correspondências mensais (ou bi-mensais) com o Prof. Augusto Vels.
É certo que – assim como a escrita - os métodos de estudos e de ensino da grafologia mudaram. Contudo, muitos grafólogos ainda não se deram conta disto e outros que se deram, não dão o braço a torcer, pois não podem se dizer desatualizados – na realidade não estão desatualizados; estão ultrapassados.
Na próxima semana será postado a Segunda Parte deste artigo.
grafonauta@terra.com.br
Primeira parte
Introdução
O objetivo deste artigo não é o de analisar a evolução do estudo da grafologia ao longo do tempo; mas principalmente mostrar como a grafologia é estudada atualmente nos países mais adiantados e por alguns grafólogos de primeira linha em nosso país.
Existem no Brasil bons grafólogos e grafólogas que estão de acordo com as mais recentes evoluções do método grafológico em si; outros ainda se situam no início do século XX; quando os pequenos dicionários de sinais já eram condenados pelos mais renomados especialistas na época.
Crépieux-Jamin dizia que a cada trinta anos os grafólogos devem fazer uma revisão dos conceitos e da terminologia grafológica. Percebeu o grande mestre que a escrita como movimento cultural possui dinâmica própria; com isto tende a mudar e evoluir de acordo com as novas vivências e desafios da sociedade.
Além disto, existem outros fatores que influem na mudança da escrita; relatamos alguns:
- Evolução dos métodos de ensino na escrita.
- Novos tipos de papéis.
- Infinidades de novos materiais como canetas; lápis (forma; tamanho; peso).
- Evolução tecnológica, abandono da escrita pelo uso do computador.
A nova visão da sociedade e seus desafios, certamente são levados para o comportamento do indivíduo em todos os planos; sociais, morais, intelectuais, físicos etc.
Não raro existem escolas bilíngües e a criança aprende a escrever em dois idiomas e/ou de forma tipográfica.
A escrita se adapta e se transforma com os novos tempos. Como reflete a personalidade individual, certamente mostra estas modificações.
Dos anos 60 para os nossos dias a escrita sofreu o impacto da caneta esferográfica.
Como é sabido por todos quase toda a grafologia clássica foi baseada nas canetas tinteiro.
Klages em “Escrita e Caráter”, relata os vários tipos de penas utilizados em sua época. Jamin, assim como Michon mostram em seus livros exemplos de escritas com penas de ganso - alguns autores relatam a maneira transversal de como era feito o corte nas mesmas.
Estas mudanças são acusadas nos grafismos. Assim muitas espécies grafológicas evoluem e outras morrem; tornam-se “dinossauros no tempo” – tais quais os grafólogos que não se atualizam.
Um exemplo clássico é a escrita “à encoches”, fr - “con muescas”, esp. Descrita por Paul Carton no livro “Diagnostic e Conduite des Tempéraments”; pág. 92 – também relatada no livro “ABC de la Grafologia”; Ed. Ariel – pág. 419 da edição espanhola.
Trata-se de um freio nos gestos verticais da caneta tinteiro, a pressão aumenta e as pontas da pena se abrem, formando uma espécie de pequeno chifre.
Este tipo de escrita é impossível com a caneta esferográfica e mesmo assim dificílimo nas canetas tinteiros atuais; pois o corte central - muitas vezes feito a laser - não permite tal abertura; inclusive com forte pressão.
É óbvio que o iniciante na grafologia dificilmente vai encontrar exemplos de grafismos tais quais foram mostrados. Portanto, é necessário que o grafólogo se ajuste aos “novos“ tipos e exemplos de escritas – especialmente se for professor e ministrar aulas de grafologia.
Outro exemplo é a obra prima de Ania Teillard; “Alma e Escritura. Ed. Paraninfo, Madri”.
Os conceitos são brilhantes; contudo a maioria dos grafismos apresentados neste livro são “ultrapassados”, pois são das décadas de quarenta e cinqüenta.
Mais uma vez observo aqui que os conceitos não estão errados e nem os exemplos, somente que estes se perderam no espaço e no tempo e não são mais vistos por motivos descritos anteriormente.
Com foco em tais fatos; a Sociedade Francesa de Grafologia realizou estudo de revisão dos gêneros e espécies grafológicos.
Com mais de 40 grafólogos de primeira linha; a publicação foi feita na Revista “La Graphologie”, Julho de 2007.
Entre outros dados, deixaram de considerar a velocidade como gêneros. Acham – com certa razão – que o movimento é mais importante no escopo grafológico.
A todos estes processos de evolução; se aliam novos métodos de diagramação, novos tipos de letras em livros; programas de computadores, telas eletrônicas etc.
Em resumo: o método grafológico e o método de ensino evoluíram - e muito.
Novos e interessantes autores surgiram e acrescentaram precisão ao método grafológico.
Não cabe citar aqui, porém em todos os países estes grafólogos (as) estão presentes e muitos disponíveis para discussão on-line; via internet; fato que não era possível há cerca de 10 anos. Lembro-me da felicidade de trocar correspondências mensais (ou bi-mensais) com o Prof. Augusto Vels.
É certo que – assim como a escrita - os métodos de estudos e de ensino da grafologia mudaram. Contudo, muitos grafólogos ainda não se deram conta disto e outros que se deram, não dão o braço a torcer, pois não podem se dizer desatualizados – na realidade não estão desatualizados; estão ultrapassados.
Na próxima semana será postado a Segunda Parte deste artigo.
grafonauta@terra.com.br
Paulo Sergio de Camargo
Palestrante Internacional
Mestre. Especialista em Neurociências do Comportamento Humano.
Consultor de empresas
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SOBRAG, Sociedade Brasileira de Grafologia.
Membro de Honra da Sociedade Espanhola de Grafologia
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Grafólogo com maior número de livros publicados a respeito de grafologia no continente.
Maior escritor livros de Linguagem Corporal do Brasil.
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