quarta-feira, junho 27, 2012

Grafologia Arquétipica

Pessoal

Recebe vários questionamentos sobre a entrevista do Roberto Goldkorn no programa da Ana Maria Braga.

Espero não me alongar.

Antes de tudo, devemos respeito para com todos os profissionais e as críticas devem se restringir ao trabalho em si.  As críticas obrigatoriamente não devem ser focadas na pessoa e sim no objeto, no caso o "método de grafologia" utilizado pelo Goldkorn.  

Levem em conta que o Roberto é uma pessoa educada e séria, afirmo isto, pois há alguns anos troquei alguns e-mails com ele.  Concorde ou não, as resposta foram educadas e sem qualquer tipo de necessidade de estabelecer conflitos.

Feito os reparos iniciais, vamos ao que interessa.  O método mostrado no programa.



Há anos quando questionei sobre o método ele me disse que aprendeu com um agente secreto do serviço russo (KGB). Que os russos utilizavam o processo durante a guerra fria.

Quando perguntei quem era o sujeito a resposta foi que encontrou a cara na rua e o mesmo  ensinou o método e desapareceu. Ou seja, a resposta ficou o ar.

Na época eu tinha contato com um major do serviço de inteligência da Força Aérea Russa, questionado disse-me que não existia nada disso por lá.  Consultei vários grafólogos no mundo e não encontrei nenhuma informação relevante (pode até existir).

Quanto as teorias apresentadas no programa, especialmente sobre as letras. Não conheço e nos livros que tenho as informações não fecham.


De forma sintética.
Desde o nascimento da grafologia os grafólogos de ponta sempre condenaram a avaliação pura e simples de uma assinatura. Embora ela possa trazer informações, as mesmas só serão confirmadas em uma análise com o texto.  Autores com Jamin, Pulver, Klages, Vels, Xandró, Viñals, Tutusaus e outros são categóricos nesta afirmação.

Meus estudos e os mais modernos da Sociedade Francesa de Grafologia, apoiam o fato.

Lamberto Torbidoni, discípulo direto do Padre Girolamo Moretti, criador da escola italiana de grafologia, em palestra na Sociedade Espanhola de Grafologia, diz que a escola italiana não concede importância a assinatura, pois tudo que precisa ser avaliado está no texto.

No livro escrito com outro discípulo de Moretti, Zanin; Torbidoni praticamente ignora a assinatura. (Grafologia Texto Teórico Práctico. Ed.  Tantin)

Temos que levar em conta que a escrita em geral e a assinatura pode conter símbolos dos mais diversos, contudo o que o entrevistado fez foi criar links inexistentes, tanto que foi elegantemente contestado pela mente mais crítica de Chico Pinheiro.
 As condições em que uma assinatura é feita é fator capital para a análise. Há anos um aluno meu achou que o pai tinha algum distúrbio psicológico, pois a escrita era todas tremida, não levou em conta que o bilhete fora escrita no ônibus em movimento.  
Escrever em uma parede depois de um jantar e algumas taças de vinhos é motivo para não se realizar qualquer tipo de análise.

Outro dado relevante, entrevistei diversos atores e muitos me disseram que tinham duas assinaturas, uma para contrato e outra para o público.  Sendo que a para o público normalmente era diferente para que não falsificassem.

Mais um detalhe: na pressa, o autógrafo é quase um rabisco.

Nada disto foi levado em conta e a “leitura” foi a mais abrangente possível.

Em um dos e-mails que recebi: “Dizer para qualquer jornalista do porte do Chico Pinheiro que ele é culto e sofisticado é chover no molhado”.



A análise da letra P de Pinheiro
A grafóloga H. Saint-Morand em seu livro “les bases de l´analyse de l´écriture”. Paris  Vigot fréres, 1943. Diz que  a letra P indica a ousadia (hardiesse) excessiva ou moderada.
Autores como Paul Carton não especificam a qualidade que o P mostra. (Dictionnaire de Graphologie. Librairie de François. 1933.
Outra grafóloga francesa, simplesmente deliciosa em seus escritos, mas sem cientificidade alguma, Roseline Crépy fala que a letra P como a do Pai (Pére)
Embora Crépy não esqueça que a letra precisa ser analisada de acordo com os demais gêneros, pressão, velocidade, dimensão etc.; o entrevistado infelizmente parece que se esquece disto.

Prefiro ficar com Pulver (O Simbolismo da escrita. Ed. Suarez) quando diz que a letra inicial maiúscula  (qualquer que seja ela) separada das demais indica “visão justa das coisas”.



Grafologia em empresas

É impossível para o grafólogo observar organização espacial, gerenciamento de tempo, visão sistêmica somente na assinatura. Aliás, grafólogos do mundo inteiro não analisam assinaturas isoladas em termos de recrutamento e seleção de pessoal.  Nos contatos que mantenho com dezenas de grafólogos americanos, espanhóis, franceses etc.; isto é ponto passivo.

Doenças
Embora existam algumas correlações entre a escrita e algumas doenças, grafólogo não faz diagnóstico, especialmente com um único instrumento, no caso a grafologia. Isto é um tremendo erro, pode induzir a pessoa a comportamentos espúrios. Quem assistiu a série House sabe que fica impossível realizar qualquer avaliação médica por meio da escrita. 
O diagnóstico é privativo de médicos e especialistas. 
A legislação brasileira trata como crime realizar diagnósticos sem ser médico.


Final
Ao que consta o método apresentado tem muito pouco a ver com grafologia. As observações são pessoais e muitas vezes conduzido de modo intuitivo e que se ajusta a pessoa que está sendo analisada.  
Como grafólogo sou totalmente contra este tipo de análise, que não deve ser considerado grafologia. 
Abro espaço em meu blogg e no grupo Grafonauta para o que Roberto se explique de modo consistente., evidente que sem os mistérios e ocultos dos primeiros e-mails que trocamos.

Pessoal
Os comentário devem se restringir a grafologia, sem qualquer tipo de ofensa a quem quer que seja. 






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