quinta-feira, abril 24, 2008


GRAFOLOGIA FORENSE I I

Ao analisar qualquer escrita no âmbito da grafologia forense o grafólogo teve ter em mente; além da idade, escolaridade, estado cível etc.; os seguintes parâmetros:
- Condições da execução material da escrita
- Tempo decorrido do acontecimento
- Observar se possível se a escrita foi passada a limpo
- Se a escrita pertence realmente a pessoa

Há anos observei uma escrita totalmente tipográfica e perfeita, atribuída ao traficante Fernandinho Beira-Mar. Estava recém operado e com a parte superior praticamente imobilizada. Não havia um sinal de tremor; a escrita é firme, com pressão bem estruturada. Provavelmente não era do próprio punho.
O grafólogo deve se ater aos sinas observados na escrita e não fazer conclusões além deles; especialmente se o caso estiver com grande intensidade na mídia. Quando fui solicitado por um jornalista para mostrar todos os sinais de criminoso na escrita de Guilherme de Pádua, recusei. Para começar não existiam sinais de criminosos.

Na escrita que vamos analisar primeiro; do pai de Isabella; temos que levar em conta o estado emocional que foi escrito, portanto muitos sinais de agitação devem ser considerados normais dentro do contexto que está sendo observado.

O grafólogo analisa o movimento, o traço; o espaço e a forma. Integra estes quatro elementos entre si para chegar a conclusão final.
Os pequenos sinais não devem ser analisados exclusivamente. Concluir dados da personalidade somente pela letra M; por exemplo, é um estudo muito pobre, por assim dizer – já foi abandonado há muitos anos pelos grafólogos modernos.

Com dissemos em outro artigo, o Movimento deve ser compreendido; não só em si, mas sua dinâmica em relação aos demais elementos da escrita. Trata-se do aspecto mais instintivo do gesto gráfico; nele estão contidas as motivações do escritor.
Isto não quer dizer que vamos encontrar a motivação do crime, ao contrário.

No caso da escrita da escrita do pai de Isabella, existem sinais consistentes do movimento Inibido/Contido e Controlado, mas o centro dele está focado no primeiro caso.

Movimento Inibido
Manifesta-se por uma diminuição ou interrupção, mais ou menos bruscas dos movimentos. (Crépieux-Jamin no livro “ABC da grafologia” Ed. Ariel , Barcelona, 1957)
Jamin nem sempre vê neste tipo de escrita um aspecto negativo, para ele a inibição deveria ser um meio de controlar-se e não de sujeitar-se. Quando exagerado, pode se constituir em um signo patológico.
Dentre as dominantes gráficas da inibição se destacam as escritas indecisas, inacabada, pequena, invertida, pontuada, massiva, lenta/pausada, retocada, sóbria suspensa.
Cada uma destas particularidades representa uma das características do caráter inibido, sito quer dizer que se a pessoa se inibe com alguma coisa pode não se inibir diante de outras.
Como resumo: a Síndrome de Inibição que se manifesta através da soltura ou contração do gesto permite observar inibições de ordem afetiva.

Um estudo completo dos movimentos pode ser encontrado no livro “Psicodinâmica do Espaço na Grafologia” Ed. Vetor.
http://www.vetoreditora.com.br/catalogoDetalhe.asp?id=340&param=liv

No próximo artigo vamos estudar os gêneros.




segunda-feira, abril 21, 2008

GRAFOLOGIA FORENSE - Parte I

Grafologia forense é o ramo da grafologia que estuda a personalidade de criminosos por meio de sua escrita. Está é uma definição simplificada.
Para que o grafólogo se especialize nisto são necessários conhecimentos de psiquiatria, direito, medicina legal, criminologia etc. Além de vasto conhecimento de grafologia no que diz respeito as escritas de criminosos.

A grafologia forense é aceita em muitos países e maneira oficial, como na Espanha, Argentina e Itália. No Brasil os trabalhos nesta aera são praticamente escassos.
Odette Serpa Loevy fez intensas pesquisas com escrita de criminosos no Carandiru. Alguns grafólogos pesquisaram a escrita de criminosos, mas sem resultados consistentes.

De nossa parte temos centenas de escrita de presidiários e há anos estudo os mais diversos traços. Contudo ainda são necessários mais pesquisas para que os resultados se mostrem confiáveis.
Para o grafólogo, as escrita mostradas pela mídia no Brasil tem muito mais objetivo de chamar a atenção, contudo muitas vezes pouca qualidade no que diz respeito a pesquisa científica.

O grafólogo ao avaliar a escrita de criminosos (ou prováveis), deve levar em conta três fatores principais:
  1. Aparecimento de poucas características gráficas ou subjetivas. Isto não permite ao grafólogo qualquer tipo de conclusão. Características de personalidade nem sempre pode se concluir capacidade de cometer um crime.
  2. Traços gráficos que nos mostram indícios de potencial para determinados atos. Contudo eles nem sempre podem ser concretizados.
  3. Características gráficas consistentes e altamente relevantes que levam a concluir que existe potencial para cometer determinado delito.

Em todos os casos o grafólogo deve ser isento e não realizar prognósticos. No último caso deve trabalhar com “perspectiva de prognóstico”.

Observações
Especialmente no terceiro caso o grafólogo deve encontrar nos gêneros e nas espécies as características que o levem a conclusão final. Pelo menos um gênero deve estar em discordância; pressão forte, fraca – lenta e rápida etc.
Normalmente três ou quatro espécies se destacam para que o perfil seja executado com precisão.
Além das espécies (ou gêneros); os traços individuais devem aparecer em quantidade significativa. Ou seja, por exemplo, no caso da “unha do criminoso”; deve estar presente no mínimo três vezes; mas sempre acompanhadas de outros traços ao longo da escrita. São significativos quando aparecem mais de quatro sinais diferentes (arpão, mitomania, unha do criminoso; ovais aberta embaixo; por ex.)
Ao longo do texto devem aparecer algumas “Palavras Reflexas”; elas são fortes indícios da situação da pessoa, especialmente do momento em que vive. De certa maneira podem “entregar” o escritor.
É lógico que estamos falando principalmente no terceiro caso; pois nos anteriores muitas vezes fica difícil, senão impossível de realizar qualquer conclusão.

Com isto no próximo artigo vamos analisar a escrita do casal acusado de matar a menina Isabella.