Como estudar Grafologia no século XXI
Primeira parte
Introdução
O objetivo deste artigo não é o de analisar a evolução do estudo da grafologia ao longo do tempo; mas principalmente mostrar como a grafologia é estudada atualmente nos países mais adiantados e por alguns grafólogos de primeira linha em nosso país.
Existem no Brasil bons grafólogos e grafólogas que estão de acordo com as mais recentes evoluções do método grafológico em si; outros ainda se situam no início do século XX; quando os pequenos dicionários de sinais já eram condenados pelos mais renomados especialistas na época.
Crépieux-Jamin dizia que a cada trinta anos os grafólogos devem fazer uma revisão dos conceitos e da terminologia grafológica. Percebeu o grande mestre que a escrita como movimento cultural possui dinâmica própria; com isto tende a mudar e evoluir de acordo com as novas vivências e desafios da sociedade.
Além disto, existem outros fatores que influem na mudança da escrita; relatamos alguns:
- Evolução dos métodos de ensino na escrita.
- Novos tipos de papéis.
- Infinidades de novos materiais como canetas; lápis (forma; tamanho; peso).
- Evolução tecnológica, abandono da escrita pelo uso do computador.
A nova visão da sociedade e seus desafios, certamente são levados para o comportamento do indivíduo em todos os planos; sociais, morais, intelectuais, físicos etc.
Não raro existem escolas bilíngües e a criança aprende a escrever em dois idiomas e/ou de forma tipográfica.
A escrita se adapta e se transforma com os novos tempos. Como reflete a personalidade individual, certamente mostra estas modificações.
Dos anos 60 para os nossos dias a escrita sofreu o impacto da caneta esferográfica.
Como é sabido por todos quase toda a grafologia clássica foi baseada nas canetas tinteiro.
Klages em “Escrita e Caráter”, relata os vários tipos de penas utilizados em sua época. Jamin, assim como Michon mostram em seus livros exemplos de escritas com penas de ganso - alguns autores relatam a maneira transversal de como era feito o corte nas mesmas.
Estas mudanças são acusadas nos grafismos. Assim muitas espécies grafológicas evoluem e outras morrem; tornam-se “dinossauros no tempo” – tais quais os grafólogos que não se atualizam.
Um exemplo clássico é a escrita “à encoches”, fr - “con muescas”, esp. Descrita por Paul Carton no livro “Diagnostic e Conduite des Tempéraments”; pág. 92 – também relatada no livro “ABC de la Grafologia”; Ed. Ariel – pág. 419 da edição espanhola.
Trata-se de um freio nos gestos verticais da caneta tinteiro, a pressão aumenta e as pontas da pena se abrem, formando uma espécie de pequeno chifre.
Este tipo de escrita é impossível com a caneta esferográfica e mesmo assim dificílimo nas canetas tinteiros atuais; pois o corte central - muitas vezes feito a laser - não permite tal abertura; inclusive com forte pressão.
É óbvio que o iniciante na grafologia dificilmente vai encontrar exemplos de grafismos tais quais foram mostrados. Portanto, é necessário que o grafólogo se ajuste aos “novos“ tipos e exemplos de escritas – especialmente se for professor e ministrar aulas de grafologia.
Outro exemplo é a obra prima de Ania Teillard; “Alma e Escritura. Ed. Paraninfo, Madri”.
Os conceitos são brilhantes; contudo a maioria dos grafismos apresentados neste livro são “ultrapassados”, pois são das décadas de quarenta e cinqüenta.
Mais uma vez observo aqui que os conceitos não estão errados e nem os exemplos, somente que estes se perderam no espaço e no tempo e não são mais vistos por motivos descritos anteriormente.
Com foco em tais fatos; a Sociedade Francesa de Grafologia realizou estudo de revisão dos gêneros e espécies grafológicos.
Com mais de 40 grafólogos de primeira linha; a publicação foi feita na Revista “La Graphologie”, Julho de 2007.
Entre outros dados, deixaram de considerar a velocidade como gêneros. Acham – com certa razão – que o movimento é mais importante no escopo grafológico.
A todos estes processos de evolução; se aliam novos métodos de diagramação, novos tipos de letras em livros; programas de computadores, telas eletrônicas etc.
Em resumo: o método grafológico e o método de ensino evoluíram - e muito.
Novos e interessantes autores surgiram e acrescentaram precisão ao método grafológico.
Não cabe citar aqui, porém em todos os países estes grafólogos (as) estão presentes e muitos disponíveis para discussão on-line; via internet; fato que não era possível há cerca de 10 anos. Lembro-me da felicidade de trocar correspondências mensais (ou bi-mensais) com o Prof. Augusto Vels.
É certo que – assim como a escrita - os métodos de estudos e de ensino da grafologia mudaram. Contudo, muitos grafólogos ainda não se deram conta disto e outros que se deram, não dão o braço a torcer, pois não podem se dizer desatualizados – na realidade não estão desatualizados; estão ultrapassados.
Na próxima semana será postado a Segunda Parte deste artigo.
grafonauta@terra.com.br
quarta-feira, janeiro 23, 2008
Paulo Sergio de Camargo
Palestrante Internacional
Mestre. Especialista em Neurociências do Comportamento Humano.
Consultor de empresas
Membro de Honra da "Agrupación Grafoanalistas Consultivos en Espanã"(Barcelona)
SOBRAG, Sociedade Brasileira de Grafologia.
Membro de Honra da Sociedade Espanhola de Grafologia
Membro de Honra da Sociedade Mexicana de Grafologia.
Grafólogo com maior número de livros publicados a respeito de grafologia no continente.
Maior escritor livros de Linguagem Corporal do Brasil.